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Cientista Político dos Estados Unidos visita a Vila Dique

A ONG Cidade recebeu o Cientista Político Aaron Schneider da Universidade de Tulane em New Orleans. O Professor Aaron tem desenvolvido pesquisas sobre vários países na América Latina e na África Subsaariana, além da Índia. Atualmente estuda os processos de descentralização no Brasil e na Índia. Em suas visitas ao Rio Grande do Sul, conheceu e escreveu sobre as experiências de orçamento participativo. Seu artigo de 2007, sobre as mudanças que ocorriam no OP de Porto Alegre, revela-se hoje profético: Crise no Orçamento Participativo: Capacidade Técnica e Hierarquia.

No sábado, dia 09 de julho, Aaron conheceu o reassentamento da Vila Dique e traçou um paralelo entre os impactos das obras da Copa, no que se refere às remoções de moradores, e a reconstrução de New Orleans pós Katrina. Ficou impressionado com a semelhança que observou entre a situação em relação à moradia na Vila Dique e o que ocorreu em New Orleans. 


Abaixo, extratos da entrevista realizada com jornalistas do Comitê Popular da Copa Porto Alegre, na ONG Cidade.

Aaron Schneider
Foto: Lucimar F Siqueira
O que disse Aaron Schneider:

Na Vila Dique, basicamente 1500 famílias que moravam alí, alguns há 30 anos, foram removidas para outra área para que pudessem expandir o aeroporto. Dois anos após iniciar o projeto, nem 500 famílias foram reassentadas com casas. Algumas estão em aluguel social há bastante tempo.

Em New Orleans, o que passou foi parecido, em números e em termos de tendência. Em New Orleans haviam vários prédios que abrigavam cerca de 8.000 famílias de baixa renda. E através destas famílias gerações de pessoas cresceram e eram parte da cidade. Estes prédios sobreviveram ao furacão, eram bem construídos e não foram tão danificados assim pelo furacão, mas a cidade resolveu naquele momento remover estas pessoas. Em vez de devolver os prédios para estas famílias, resolveram demolir e construir 1.500 casas para famílias de baixa renda e também, dentro dessa memsa área, casas para o mercado, formando bairros de renda mista, que é uma idéia que tem agora popularidade nos Estados Unidos.

Mas o resultado foi que das 8.000 famílias caíu para 1.500 as que puderam ficar na cidade. Cinco anos depois do Katrina, temos uma população que não pode retornar à cidade, simplesmente porque eram de baixa renda e a cidade não se preocupou com eles. Foi uma tática de esconder, de eliminar a população de baixa renda da cidade. Onde moram? Isso é uma grande pergunta! Foram espalhados pelo país pelo furacão e agora, sem casa, não podem voltar. E já estavam em situação complicada em New Orleans, em termos de trabalho. Eles não têm o suficiente para entrar no mercado das casas que não foram feitas para famílias de baixa renda. Como essas pessoas que foram deslocadas poderiam regressar a New Orleans se agora não há disponibilidade de casas para a população de baixa renda?

Então, para mim não é uma coisa que não foi pensada, um erro, falta de planejamento. Isto é intencional no caso de New Orleans e acho que aqui também. Esse atraso nas casas demonstra uma falta de respeito e intenção de fazer mais difícil a vida das pessoas de baixa renda, dos trabalhadores. E essa falta de respeito foi demonstrada sábado, quando visitei as novas casas construções e vi que não eram adequadas. Eu não sou arquiteto, mas tinham arquitetos que estavam vendo e eles notaram rachaduras e falhas nas construções que deviam ser resolvidas, o que não está acontecendo.

Não tem infraestrutura de escola e de posto médico. Esta infraestrutura tem que estar disponível antes das famílias chegarem, não depois. E deslocar as famílias sem essa infraestrutura básica, que é direito de qualquer um, é simplesmente tornar mais difícil a vida dessas pessoas. Então, é consistente essa falta de respeito o que vi em New Orleans. Essa política intencional de tirar pessoas de baixa renda, da classe trabalhadora, não só da vista do público, mas também da cidade como um todo.

Leia sobre as pesquisas e publicações de Aaron Schneider no site da Universidade de Tulane.  

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