Do site da Secretaria da Educação do RS
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Foto: Marcela Santos |
Schneider declarou que nos Estados Unidos, o financiamento do ensino fundamental e médio fica a cargo dos municípios. Nos anos 60 e 70 a luta dos afro-amnericanos por uma escola integrada e universal resultou na melhoria da qualidade da escola pública na cidade. A partir da década de 80, com a migração da classe média branca para os subúrbios, houve uma redução dos recursos, oriundos de impostos municipais, para financiar a educação. Por outro lado esta classe média passou a construir as suas próprias escolas privadas.
O Furacão Katrina foi um marco na mudança do sistema educacional de New Orleans. 80 % das escolas públicas foram repassadas para a iniciativa privada, através de parcerias publico-privadas. Segundo ele, o processo de privatização resultou na desarticulação do sindicato dos professores e na contratação de educadores recém formados, sem muita experiência. “Paralelamente o Estado passou a exigir das escolas privatizadas a adoção de indicadores para definir a quantidade de recursos públicos repassado para cada escola, o que levou muitas instituições a selecionarem os alunos, excluindo os que mais necessitam de ajuda, que ficam relegados aos 20 % de escolas públicas que sobraram. O sistema de indicadores não melhorou em nada a qualidade do ensino em New Orleans, ao contrário”, contou.
Schneider explicou que o discurso sobre meritocracia e indicadores de resultado tem sido usado para justificar a privatização da educação pública e a quebra da organização sindical dos professores, levando a uma crescente
precarização das relações de trabalho na área da educação, com consequências também para a qualidade democrática da vida política em New Orleans (onde os brancos do partido democrático agora passaram a controlar a máquina partidária, em detrimento dos afro-americanos).
No Estado da Luisiana, onde está New Orleans, foi aprovada uma lei que permite que as corporações criem escolas. As escolas de corporações, também recebem subsídios públicos. A desarticulação da sociedade civil, em decorrência da destruição provocada pelo furacão, dificulta o monitoramento das escolas pela comunidade. Esta situação tem aprofundado a segregação racial e reduz as oportunidades para os afro-americanos.
De acordo com o palestrante, o processo de precarização do trabalho dos profissionais da educação já chegou a o ensino superior. A Universidade de Tulane tem mais de 40 % dos professores contratados de forma precária (contratos temporários, que podem ser rompidos a qualquer momento). “Este quadro compromete a autonomia acadêmica, já que os professores contratados e os que ainda não tem sete anos de trabalho (tempo necessário para atingir a estabilidade) evitam criticar o sistema educacional, para não correr o risco de perder o emprego”, explicou.
Aaron Schneider é professor da Tulane University e já conduziu pesquisas no Brasil, America Central, Índia e África. Em seus trabalhos busca explorar tópicos como os esforços para aprofundar a democracia e gerar subsistências igualitárias dentro de um contexto de integração global.