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Saúde urbana e medicina social

Por Maria Inês Azambuja


Ponto de abastecimento de
água para toda Vila.
Temos assistido e lido nos jornais sobre tragédias das nossas emergências, aquela pequena ponta visível do grande iceberg que é a má saúde da nossa população. Os temas educação e segurança também não saem das manchetes... Mas, restritos a olhares setoriais, não conseguimos avançar num diagnóstico mais amplo sobre o mal que nos acomete.

O momento que vive o Brasil hoje tem semelhanças com o vivido pela Europa no século 19. A industrialização resultou em urbanização acelerada e crescimento simultâneo da riqueza e da pobreza nas cidades. Esse crescimento urbano rápido com desigualdade e segregação espacial e social (agravada aqui pela recessão das últimas décadas e a corrupção) é o que explica os atuais níveis de doença, falta de educação e violência.

No século 19, crianças e adultos jovens eram dizimados por epidemias e pela tuberculose, e a violência era endêmica. Hoje, as doenças podem ter mudado, mas basta olharmos os dados do INSS... mais de 50% dos gastos mensais com benefícios previdenciários correspondem a auxílio-doença por incapacidade temporária para o trabalho. E sobre a violência é desnecessário falar...

Temos que parar de apenas tentar enxugar gelo e atacar as causas dos problemas. Recentemente, o vereador Sebastião Melo afirmou no Conversas Cruzadas que há 700 áreas de moradia irregular em Porto Alegre, a cidade símbolo do Fórum Social Mundial! Que futuro estamos planejando para a nossa cidade? Os novos empreendimentos em habitação popular integram ou segregam os mais pobres? Asseguram a eles acesso a serviços públicos, trabalho e lazer, ou seja, o direito à cidade, a cidadania? É a cidadania que produz saúde, educação e segurança!

No século 19, Virchow, o pai da Medicina Social, dizia que a Medicina é uma ciência social, e a Política nada mais é do que Medicina em grande escala. Todos nós, já cidadãos, temos o dever de ampliar o acesso à cidadania. Não há justificativa moral para a exclusão social. E, feitas as contas, há muito mais custos do que ganhos. Basta olharmos as estatísticas. Este é um grande momento para os políticos, com o apoio de toda a comunidade, imbuírem-se da missão de médicos sociais e agirem para promover a saúde das nossas cidades.

* Professora do Departamento de Medicina Social da Famed/UFRGS, Programa de Extensão em Pesquisa em Saúde Urbana, Ambiente e Desigualdades

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