Aprenda a cobrar informações da Copa de órgãos públicos e conheça o site "Queremos Saber" da Transparência Hacker
Fonte: http://apublica.org/2012/05/quem-quer-saber-agora-pode/

A Lei de Acesso à Informação (12.527/11) entrou em vigor nesta
quarta-feira (16) e pode ser uma ferramenta muito útil para a sociedade
fiscalizar os preparativos para a Copa de 2014. Ela visa garantir o
acesso dos cidadãos brasileiros a dados oficiais do Executivo,
Legislativo e Judiciário e, diz que, a partir de agora, os órgãos
públicos deverão ter um Serviço de Informação ao Cidadão (SIC), que será
responsável por atender aos pedidos de informações, inclusive no que
diz respeito à Copa. Por exemplo: se você quiser saber quanto dinheiro
público foi investido em determinado estádio, vai poder perguntar ao
órgão responsável e este vai ter que responder – nem que seja explicando
que a informação corre em sigilo.
Além das entidades e órgãos nos três níveis de governo, a nova lei
também determina que as autarquias, fundações, empresas públicas e
entidades privadas sem fins lucrativos prestem informações de forma
gratuita ao cidadão. Informações sobre investimentos, gastos
financeiros, contratos, programas, projetos, sem necessidade de
justificativa. Continuam sob sigilo informações que coloquem a segurança
nacional em risco ou dados sobre andamento de investigações criminais.
Antes da lei, a constituição autorizava o cidadão a solicitar
informações que lhe diziam respeito e o comando dos órgãos decidiam se
liberavam ou não as informações. Agora, as solicitações devem ser
respondidas imediatamente e, caso dependam de algum levantamento
interno, os órgãos têm prazo de 20 dias para atender à demanda, com
prorrogação de mais dez dias mediante justificativa. Terminado o
processo, o órgão público ou envia a informação ou apresenta a
justificativa para não prestá-la.
Veja quais informações você pode pedir para qual órgão público envolvido nos preparativos para a Copa de 2014:
Tribunal de Contas da União (TCU)
Cabe ao TCU fiscalizar valores públicos investidos nas obras da Copa
do Mundo no âmbito federal. Você pode solicitar relatórios e dados sobre
os valores de investimento estatal nas obras, mesmo as que estão sob
administração privada. Qualquer pessoa física ou jurídica, de direito
público ou privado, que administre bens ou valores públicos pelos quais a
União responda, tem de prestar contas ao TCU. E o cidadão pode
solicitar acesso a estas contas.
Tribunais de Contas Estaduais (TCEs)
Fiscaliza os investimentos estatais especificamente em obras
estaduais. Assim como no âmbito federal, o cidadão pode solicitar
informações sobre o aporte de investimento público em obras dos estados.
Contas prestadas por pessoas físicas ou jurídicas aos TCEs também podem
ser acessadas.
Ministério do Esporte
O órgão pode dar informações gerais sobre o evento e acerca das negociações com a Fifa.
Ministério das Cidades
O cidadão pode solicitar a este Ministério informações sobre as obras
de mobilidade urbana previstas para as cidades-sede tais como prazos de
entrega, relatórios dos gastos, organogramas etc.
Secretarias Especiais de Articulação para a Copa do Mundo de 2014 (Secopa)
As secretarias devem fornecer informações locais específicas sobre a
Copa do Mundo nas cidades-sede e também sobre as parcerias firmadas
entre a prefeitura e empresas, estado, etc. para a realização do evento.
Ministério Público do Trabalho (MPT)
O órgão pode prestar informações sobre a situação trabalhista das
obras. É possível saber se há ações trabalhistas vigentes contra o
empreendimento e se a lei, sob o ponto de vista da instituição, vem
sendo cumprida à risca.
Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
Banco responsável por grande parte do financiamento estatal, pode
dispor de informações sobre as linhas de crédito disponíveis para as
Arenas e sua participação efetiva em obras e projetos relacionados à
Copa do Mundo.
Como obter acesso às informações por meios oficiais
Os órgãos públicos estão criando os SICs (Serviços de Informações aos
Cidadãos), que serão encarregados de fornecer as informações
solicitadas pela população. Os pedidos poderão ser feitos por email,
pessoalmente ou por carta. Os SICs terão endereços de emails (e-SICs),
além de espaços físicos a serem montados nos órgãos.
Após a solicitação, os SICs de cada órgão têm de avisar se o pedido
foi aceito ou recusado. Neste caso, as instituições precisam apresentar
justificativas ou da falta da informação, ou, quando a informação não
for da competência do órgão, o local adequado para destinar tal
solicitação, já remetendo, se possível, o pedido ao órgão competente.
Caso o pedido seja aceito, o órgão deve indicar a data, o local e o
modo para fazer a consulta ao documento, fazer uma reprodução dele se
possível, ou obter uma certidão. O prazo para o atendimento é de 20
dias, com mais dez dias de prorrogação sob justificativa. O artigo 5º da
lei especifica que “é dever do Estado garantir o direito de acesso à
informação, que será franqueada, mediante procedimentos objetivos e
ágeis, de forma transparente, clara e em linguagem de fácil
compreensão.” Ou seja, a informação tem de ser dada de maneira clara e é
função dos SICs “traduzi-las” de maneira adequada.
Site “Queremos Saber” oferece atalho à burocracia
Criado pela Transparência Hacker, comunidade que reúne
desenvolvedores da web, jornalistas, designers, gestores públicos entre
outros, o site Queremos Saber foi
desenvolvido e é amparado pela Lei de Acesso à Informação para
facilitar o acesso das pessoas aos órgãos públicos e às informações
correspondentes.
Para utilizar os serviços do site, basta realizar um cadastro
simples, clicando no link “entrar ou se cadastrar” no topo do site e
digitar o nome do órgão que se deseja consultar. O site possui um
cadastro que conta com 5674 órgãos públicos para consulta. Os endereços
de email para contato são listados pelo site e a pessoa só precisa
escrever uma mensagem para o órgão realizando seu pedido. Tais
solicitações são públicas e ficam disponíveis no site para
acompanhamento dos autores ou das pessoas que se interessam pelo mesmo
assunto, até como forma de unir pessoas que possuem reivindicações
parecidas.
No site é possível ver quais solicitações foram atendidas, recusadas,
encontram-se atrasadas ou aquelas cujas informações não constam nos
órgãos referidos. Tal processo facilita as reivindicações por já trazer
identificados os canais de comunicação correspondentes aos órgãos.
Vale lembrar que o site foi feito em com código livre.
Pediu alguma informação? Foi atendido? Usou o site da Transparência Hacker? Conte para nós!